Até uns 10 ou 15 anos atrás eu não era feminista. Você pode achar que não é muito, mas há 10 anos eu já tinha 28, então, teoricamente já pensava com minha cabeça e com minhas próprias pernas. Eu saí nua em site e brinquei de Lingerie Day na primeira edição desse treco no Twitter. E não era feminista. Mas eu aprendi coisas e mudei de ideias (mesmo que ainda continue sendo julgada por aquelas ideias e ações de 10, 15 anos atrás) e li Lucia Etxebarría e descobri coisas novas. E mudei.
Há quatro anos eu era morena, tinha cabelo crespo e mega curto. Agora tenho louro, liso e comprido e às vezes rosa. E acho que tudo bem, afinal, cabelo é igual grama: cresce. Cabelo é pra brincar. Se ficar ruim, muda, uai.
Ah, eu também era jornalista, tinha uma carreira e tal, fui editora de jornal, revista e blog, fui gerente de projeto. E cansei de ser jornalista. Agora eu não sei muito bem o que eu quero ser, mas, quer saber? Tudo bem. Mesmo que eu não saiba muito o que fazer agora, ter a liberdade de mudar de ideia – e voltar a ser jornalista, se eu quiser ou não, – é um pouco reconfortante.
Mas mudar nem sempre é reconfortante e fácil. Ao contrário, é complicado e muitas vezes, cheio de culpa. Como eu posso ser feminista e participar do Lingerie Day? Como eu posso querer ter filhos uma hora e não querer na outra? Como é que agora eu digo que fico ótima de amarelo se há dois meses eu detestava amarelo? Como eu posso mudar de ideia se isso vai comprometer minha – oh, tão importante – coerência?
A coisa mais bacana que aprendi no meu último emprego no Brasil, em que eu tinha um chefe incrível (beijo, Pedro!), era que: tudo bem mudar. Tudo bem tentar algo diferente, não dar certo e voltar atrás. Tudo bem mudar de ideia. Errar faz parte do caminho. Quantos bolos errados você faz até acertar? Quantos textos até acertar o tom? Quantos delineados gatinho errados? Levei 38 anos pra aprender o meu e errei muitos. E continuo errando, depende da pressa. Muitas vezes, pra ser bom em algo, a gente precisa ser ruim. Aí vai treinando, mudando o jeito de fazer, melhorando, até acertar.
Ainda acho que a vida não é sobre se desculpar pelas escolhas erradas e ruins que você faz: é sobre tentar dar o melhor de si e acertar sempre que possível. Mas nem sempre a gente acerta de primeira e, mais do que isso, às vezes consegue exatamente o que queria e diz “putz, acho que nem era isso”.
“Tudo bem mudar de ideia”. Tudo bem. Mesmo que você não seja coerente com o que escreveu/disse/fez ali atrás. Pessoas mudam, o mundo muda. Seja livre.
❤ Por um mundo em que a gente possa gostar de rosa, depois de amarelo, depois de azul, depois só de preto, ou mesmo de todas as cores juntas. É nosso direito 😉
Engraçado você falar que um ex-chefe te ensinou isso.
Você que me ensinou isso <3.
❤ ❤ 🙂